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Santa Cruz, 2013. Fonte: ImagemFoto

Santa Cruz foi um dos primeiros locais da Ilha da Madeira onde os colonizadores se instalaram, tendo o seu povoamento se iniciado em 1425. Por volta de 1450, foi elevada à categoria de freguesia autónoma, sendo por isso uma das freguesias mais antigas da Madeira.


De acordo com alguns dados históricos, a origem toponímica desta freguesia e concelho está associada à descoberta dum tronco seco com duas braçadas em forma de cruz, encontrado na mata de loureiros na orla sul, pretendendo alguns autores, que esse nome proviesse da primeira capela dedicada à Santa Cruz, e ali edificada no início do Povoamento, chamada também “Igreja Velha”. Manuel Tomás, na “Insulana”, escrita há três séculos, referindo-se à origem do nome de Santa Cruz, explica-o, do seguinte modo:

                    “Fazia todo junto, um bosque umbrozo
                         Onde de um tronco antigo derribado
                             Por mandado do Zarco fabricado; 
                                 E no meyo do valle, entam fermozo, 
                                     Pellos seus portuguezes, arvorado;
                                          Porque se pouo ally se edifficasse 
                                               De Sancta Cruz o nome lhe fiquasse”.


O povoamento deste lugar ascende aos primórdios da colonização da Madeira; de 1425 a 1440, pertenceu aos seus primitivos cabouqueiros - povoadores que iam desbastando a mata de loureiros que cobria todo o vasto retângulo que se estendia desde o actual sítio de São Fernando até os campos de Santa Catarina. Não é possível, dada a carência de documentos, fixar-se, ao certo, o ano da criação desta freguesia.


Santa Cruz, 1934. Fonte: Facebook 'Madeira Quase Esquecida'.

Apenas as “Saudades da Terra” dizem que “Santa Cruz foi criada pouco depois de constituída a de Machico, tendo esta a precedência por ser cabeça da Capitania”. Deste modo Santa Cruz, “como freguesia autónoma, teria sido criada no segundo quartel do século XV”, sendo todos os historiadores unânimes em fixarem-lhe uma data posterior ao ano de 1450, tendo-se em conta que, então, Santa Cruz era ainda uma capelina curada, dependente da igreja matriz de Machico.

Santa Cruz é uma das freguesias mais antigas da ilha e o seu rápido desenvolvimento, levou a rivalizar-se com Machico, chegando mesmo a suplantá-lo em tamanho e importância dos seus edifícios, bem como pelo movimento da sua Alfândega. O alvará régio de 5 de Dezembro de 1850 que estabelece o vencimento anual do vigário é o diploma mais antigo que se refere à freguesia de Santa Cruz. Sabe-se que, por carta régia de D. Manuel, datada de 25 de Junho de 1515, a pedido de João de Freitas, morador na freguesia de Santa Cruz, foi a mesma elevada à categoria de Vila e de Concelho.

A primeira vereação municipal foi presidida por Lopo Franco, natural do Minho. A partir de então, o desenvolvimento intensificou-se, fixando-se nesta região famílias importantes e pessoas distintas, onde se destacaram a família Lomelino, Lopo Lordelo, João ou Gião Caiado, Gil Anes, João de Morais, Micer Baptista, entre outros.

Esta freguesia destacava-se na capitania de Tristão Vaz Teixeira pelo seu desenvolvimento comercial e industrial, riqueza e número de habitantes, chegando por isso a ter a sua própria alfândega.

A 2 de agosto de 1996 foi elevada a categoria de Cidade.

O orago de Santa Cruz é São Salvador, que provém da invocação da capela-mor da igreja matriz desta vila.D. João III, por provisão de 19 de Setembro de 1533, fez mercê desta capela-mor a João de Freitas, fidalgo de sua casa, em atenção aos serviços prestados e aos gastos realizados nesta igreja. A criação desta paróquia deverá ter acontecido no segundo quartel de século XV, pouco depois da constituição da de Machico. O alvará de 27 de Agosto de 1589 cria nesta paróquia um curato com 20$000 reis de côngrua. Também foi colegiada onde residiam um vigário, cura, seis beneficiados, tesoureiro e organista.

Atualmente a freguesia de Santa Cruz comemora o seu dia a 15 de Janeiro, não como data referenciada a nenhum marco histórico, visto que não há informação sobre a sua fundação como freguesia mas por aquela data ser a festividade em Honra do Senhor Santo Amaro, Santo este venerado com muita fé e crença não só pelas gentes desta freguesia mas de toda a Ilha.

De realçar que, nos terrenos onde se encontra o atual aeroporto, existiu em tempos o Convento Franciscano de Nossa Senhora da Piedade, instituído por Urbano Lomelino para 12 a 15 frades, na primeira metade do século XVI. Foi extinto em 1834.

Adolf Constant Burnay, que chegou à Madeira nos finais do século XIX, foi o responsável pela fundação da Fábrica de Lacticínios, em São Sebastião. Esta extinta fábrica produzia manteiga e queijo e funcionava na Quinta Burnay. Nessa mesma quinta foi edificada em 1949, a última capela da freguesia. Atualmente encontra-se em avançado estado de degradação.

A nível económico, o sector primário é pouco desenvolvido, a pesca é uma actividade quase desaparecida, a agricultura foi perdendo importância ao longo do tempo, sendo que nas terras altas da Freguesia existe uma agricultura tradicional ou de subsistência, aliada à criação de gado em “palheiros” (espaços fechados) vacas e touros (muito poucos) e de cabras em currais. No cultivo agrícola destaca-se a produção de semilha, cebola, banana, frutos tropicais (anona, abacate, papaia, mango, maracujá), favas, feijão, ervilhas, inhame, batata doce, vinha, laranjas, tangerinas. Também nos locais altos da freguesia encontra-se algumas explorações agrícolas viradas para o mercado, de onde se salienta a produção de alface, de flores, morangos, tomates e pepinos.

Quanto ao sector secundário é um sector de relativa importância, dado que engloba a construção civil e obras, bem como toda a actividade transformadora. Relativamente ao sector terciário, trata-se do sector mais desenvolvido e o que detém mais importância na actividade na vida diária dos cidadãos, pelos serviços e pelo comércio.

As entidades empregadores são essencialmente públicas, Câmara Municipal de Santa Cruz – Praça João Abel de Freitas; Tesouraria de Fazenda Pública, a Repartição de Finanças e o Tribunal- Praça do Município; Conservatória do Registo Civil, Comercial e Predial e o Notário – Rua da Fonte; Escolas do Primeiro Ciclo – Rua do Bom Jesus; Escola Básica e Secundária de Santa Cruz – Rua do Bom Jesus; Centro de Saúde de Santa Cruz – Rua do Bom Jesus; Bombeiros Municipais de Santa Cruz – Avenida 25 de Junho; Aeroporto Internacional do Funchal – Santa Catarina; Segurança Social – Avenida 25 de Junho; Centro de Dia – Rua 17 de Junho; existem ainda as privadas, escritórios de advogados, postos de enfermagem, policlínica, bares, restaurantes, padarias, pronto-a-vestir, lojas de conveniência, talhos, mercearias, supermercados, mini-mercados, relojoarias, frutarias, lojas de ferragens, lojas de eletrodomésticos, sapatarias, bancos, cabeleireiros, escritórios de contabilidade.

No campo da acção social, os habitantes da freguesia de Santa Cruz podem usufruir do Centro de Dia e da Assistência Domiciliária.



Brasão da Freguesia de Santa Cruz

Santa Cruz, é a freguesia sede de concelho e cidade, o que muito a honra mas também a faz preservar na sua heráldica ligações afetivas quer à vida do mar, quer à vida do campo. Não esquecendo a fidalguia do seu povo e o ímpeto da nobreza arquitetónica que marcou a sua história.

O Brasão apresenta o fundo verde, que representa a harmonia das suas paisagens, bem como a ligação do seu povo aos campos.

No coração do Brasão temos a Hélice, a montante o mundo crucífero e jusante as ondas. Na legenda, a inscrição “Freguesia de Santa Cruz”.

Ao centro do Brasão, a Hélice branca com núcleo vermelho, que representa a importância do aeroporto para esta freguesia, sendo que muitos filhos desta terra viram as suas vidas alteradas por terem que ceder o seu espaço para a construção do Aeroporto Internacional da Madeira, obra tão relevante e importante para toda a Região Autónoma.

A montante da Hélice, temos o mundo crucífero de amarelo, que representa esta freguesia como porta de entrada e saída para o mundo, fomentando assim o caminho para a Aldeia Global em que vivemos.

Ao fundo, no Brasão, temos o mar que foi a porta de entrada dos descobridores, é o contacto entre a água e a terra, onde a vida deste povo é vivida com privilégio de o mar lhe beijar os pés. Esta ligação ao mar intensifica-se cada vez mais pelas excelentes acessibilidades ao usufruto do oceano.

Será sempre a fronteira natural desta bendita freguesia, sendo representada pelas duas ondas em branco. A Heráldica desta freguesia parece ser o mais fiel à sua história, tradição e cultura evidentemente que não retrata tudo mas procura ser uma síntese daquilo que foi, é e será… aquela que a todos vê partir e chegar.